Por Lisandra Paes
Minha primeira e por enquanto, única vez para Orlando, foi em 2013 e fui convidada para escrever aqui por um pequeno detalhe em minha viagem: minha filha linda é diabética insulinodependente. Vemos muitas dúvidas acerca de como proceder para viajar com pessoas com diabetes, quais os documentos, como levar a insulina, os insumos e etc. A Nathália, sabendo que me virei bem, sugeriu que eu contasse a vocês como fiz. Aceitei. Vamos lá, iniciar a prosa. Vou dividir em dois tópicos: Um com a parte burocrática/legal e a minha impressão pessoal.
A primeira dúvida: Comida no avião
Logo que comprei as passagens, comecei a pesquisar o trâmite. É simples, fácil e garantido.
1. Basta entrar em contato com a companhia aérea e solicitar alimentação para diabéticos. Se fechar por agência, a própria agência faz isso. Dias antes da viagem, ligar novamente e confirmar. NÃO ESQUEÇA: o prazo para essa comunicação é no mínimo 24h antes da viagem
2. Minha impressão: no meu caso específico, como minha filha faz contagem de carboidratos, não vejo necessidade de solicitar novamente. A comida veio, boa como pode uma comida de avião ser boa, mas como é para restrições gerais, meio sem sabor. Ela não curtiu não. No caso dela, não farei mais a solicitação. Para os pacientes que não fazem a contagem de carboidrato é indicada, pois assim são evitadas as sobremesas, excesso de carboidratos, e tudo o mais que pode atrapalhar o tratamento.
Documentação necessária para embarque
Neste ponto posso apostar que teremos polêmicas… Não quero polemizar, nem criticar, mas ajo de forma politicamente correta, sou educadora e me acostumei a ensinar o certo. O “jeitinho” não me pertence, rsrsrs.
1. Li muito, pesquisei horrores. É uma viagem muito desejada, muito sonhada, para ser prejudicada por uma falha ou um esquecimento. Em todos os lugares que li vi as mesmas informações. São elas:
a) Receita médica com a prescrição da insulina, se possível em inglês, mas pode ser em português. Numa necessidade, não se consegue comprar insulina sem receita nos EUA.
b) Relatório médico indicando a condição do paciente como diabético, preferencialmente com CID (código internacional de doenças).
c) Carta em inglês do médico indicando a necessidade de transporte das insulinas, seringas e/ou agulhas, lancetas, lancetador, caneta, tirinhas reagentes, álcool em sachê, cateter e insumos para bomba de insulina, pastilhas de glicose e tudo o mais que o paciente fizer uso regularmente. Nesta carta inclusive se atesta a necessidade de que tais materiais estejam na mala de mão. Esta carta eu já deixei disponível nos arquivos do grupo.
NÃO recomendo em hipótese nenhuma despachar os insumos, insulinas, etc. Mala extraviada é comum e recorrente. Comprar novas roupas é fácil, mas suprir um diabético de tudo o que precisa é complicado estando fora do país.
2. Minha impressão: faria exatamente tudo de novo. Fui parada no aeroporto daqui. Quiseram conferir essa parte toda, olharam superficialmente o que estava levando, pediram a carta e a receita original. Nos EUA, na conexão em Charlotte, apenas informei. Não quiseram ver a carta, pediram para tirar as insulinas da mala e colocar numa cestinha separada do resto no Raio X. Não implicaram com as seringas (levei algumas pra emergência), agulhas de caneta, lancetas, nada. Super tranquilo.
Muita gente fala: “não levei, não me pediram”. Sou do princípio que se pedirem, tenho que ter tudo em mãos. Se pedirem e eu não tiver, volto pra casa. Não podia nem cogitar perder essa oportunidade. Lá se vão 3 anos, e não sei quando volto. Já pensou perder a chance por falta de uma folha de papel?
Prioridade/Filas
Hora da polêmica master.
DIABETES NÃO É DEFICIÊNCIA. DIABÉTICOS NÃO NECESSITAM DE FILA PREFERENCIAL, PRIORIDADES, ETC.
Gente, não há motivo e nem razão para se tentar o acesso prioritário caso estejam viajando com diabéticos. Graças a Deus o diabético só tem restrições alimentares. Não tem restrição de movimento e nem nada parecido.
“Ah, mas meu filho não pode ficar mais de uma hora na fila”… Pode sim! Basta vc se preparar e ter consigo algum item de alimentação, água é pastilhas de glicose e/ou açúcar em sachê.
Planejamento é a palavra de ordem. Basta planejar e tudo dá certo. Ficamos nas filas normalmente, andamos como loucos nos parques. Tudo certo no final.
Transporte dos insumos e insulinas
Conversei com a endócrino antes de ir, e perguntei da necessidade de levar em embalagens refrigeradas. Ela disse que, apesar de a insulina ficar bem em temperatura ambiente por até 28 dias, a oscilação de temperatura poderia ocasionar algum problema.
Então vamos ao que eu fiz:
Na mala de mão coloquei a caixinha com as agulhas da caneta, as tirinhas reagentes em número suficiente para duas vezes e meia o tempo que ia ficar fora (como disse, imprevistos acontecem), uma caixinha com lancetas, a caixinha com o álcool gel. Tinha uma bolsinha pequena térmica em casa (ganhei num congresso de diabetes), coloquei aquele gelo que é num recipiente de plástico duro, e as insulinas dentro. Tb levei pastilhas de glicose, sachês de açúcar, um snack pequeno (um pacotinho de cerca de 150g de um salgadinho), um ou dois chocolates. Não coloquei bebidas pois no mínimo água eu poderia pedir. Não tive nenhum problema quanto a isso ao informar o diabetes na hora do embarque, lá na polícia federal. Tb estava nessa mala a pasta que montei com tudo o que era documento: receitas, travel letter, voucher, reservas, ingressos, etc.
Alimentação (dentro e fora dos parques)
Como falei lá em cima, minha filha faz contagem de carboidratos. Mas nem por isso a gente enfia o pé na jaca. Sempre damos preferência ao alimento diet (no caso de doces) e àqueles menos prejudiciais à sua saúde.
Claaaaaaaro que lá a gente não seguiu nenhuma dieta. Comíamos o que tínhamos vontade aqui estão algumas impressões:
• Dá sim pra comer bem em Orlando. É só procurar. Não passei nenhum perrengue com ela. Todos os restaurantes têm alguma opção mais apropriada. Uma grande parte deles possui sobremesas diet.
• Tem sorvete diet nos parques! Encontramos no Três Vassouras da Universal e também, no Magic Kingdom. Sobremesa diet no Mamas Melrose. E outros mais!
• Walmart é o sonho de todo diabético. Quanta coisa diferente, muitas coisas deliciosas!
• Dollar Tree, meu povo. Balas diet de todos os tipos, cores e sabores.
• Tem minhoquinhas diet na Honeyduke! Dá pra se divertir sem açúcar no mundo de Harry Potter!
• Aquela loja imensa de doces em Downtown Disney Springs, Goofy’s Candy Company, tem balas do Pateta diets;
• Sem dúvida nenhuma optaria novamente pela hospedagem no complexo devido ao Dinning Plan. E o na modalidade table. Ele me deu uma mobilidade nas refeições, uma possibilidade de buscar opções mais saudáveis sem dor na consciência (e no bolso). É caro? É! Mas o crime compensa.
• Levei pequenas coisinhas na bolsa para minha filha em caso de necessidade de alimentação nas filas. Não tive problemas em nenhum parque. Apenas informava que era para ela, e que ela é diabética. Mesmo o Busch Gardens e o Sea World permitiram. Mas levei coisas lacradas (barrinhas de cereal) e em pequena quantidade (apenas um pacotinho).
Bom, é isso, acho que consegui falar sobre todas as dúvidas, mas se faltar alguma informação deixe um comentário, ficarei feliz em contribuir mais.
Um beijo!
3 Comentários
Oi também sou diabética o meu é a 1 minha alimentação estão ótima ,eu irei viajar para orlando no final do ano de 2016 e adorei a dica de vocês , em alguns restaurante tem arroz integral ?
Parabéns adorei seu post estamos indo pela primeira vez com minha filha diabética e vocês tirou muitas das minhas dúvidas,obrigado por dividir suas experiências ?
Olá, Lisandra!
Li seu documentário e confesso que adorei, pois estou mais tranquila a partir de agora.
Obrigada pelas informações super úteis.
Irei levar meu neto DMI para a Disney em Fevereiro/17. Ele tem 9 anos, diabético desde os dois aninhos.
Como não faço parte do seu grupo, não tenho acesso ao modelo da Carta.
Por gentileza poderia enviar o Modelo da Carta por e-mail?
Fico-lhe grata desde já!